A igreja contemporânea e a boa doutrina

conversando com um crente, daqueles já velhinhos, cuja fé fervorosa e simples
sempre foi um ensino e um motivo de humilhação para a minha fraca fé, por vezes
desequilibradamente intelectual e reflectiva, ele disse: “Ouvi uma vez um
missionário dizer que tinha ido ao mundo procurar a Igreja e não a encontrou;
dirigiu-se então a uma igreja e aí encontrou o mundo”. Apesar de não poder
confirmar a veracidade deste episódio, a mesma afirmação não deixa de fazer
pleno sentido ao verificar o “estado” em que o meio evangélico se encontra neste
começo do século XXI.É uma constatação simples de ser observada o facto
de que não somente os padrões morais que, há 20 ou 30 anos, eram
indiscutivelmente cristãos e pelos quais se conseguia traçar uma fronteira entre
o mundo cristão/evangélico e o não-cristão não mais existem ou apenas foram
relegados para a prateleira do relativismo, mas que, igualmente, a doutrina
pregada e anunciada tem sofrido um ataque perigoso e poderoso não apenas do meio
intelectual e social, mas, mais perigoso e profundo, do interior da própria
Igreja e seus dirigentes. O namoro dos crentes e seus líderes com a filosofia
utilitária tem tornado a Igreja numa arena de show-off, digna dos mais medíocres
programas da TV, em que o importante é o estilo, o entretenimento em detrimento
da apresentação da Verdade.
Ansiosos pelo aumento do
número de assistentes por um lado, e, mais importante, pressionados pela
congregação onde se incluem a sua família, os pastores são invariavelmente
tentados a considerar novas técnicas, ou modos, de encher as suas igrejas.
Temendo que os seus descendentes de sangue um dia abandonem a igreja e mergulhem
no mundo, os pastores simplesmente preferem trazer o mundo para dentro da sua
igreja e aí manterem os seus filhos, netos. O argumento é clássico: “não devemos
ser tão rigorosos”, “os tempos hoje são diferentes” e outros argumentos da
espécie. Afim de chamar mais elementos para as fileiras e manter os que lá
estão, os dirigentes evangélicos abrem mão do tal “rigor” moral e doutrinário
que está sempre na base da pureza da igreja. Porque este rigor é absolutamente
incompatível com as técnicas de marketing que fazem do cliente e suas
necessidades o alvo último de qualquer acção comercial. Tendo a congregação como
cliente é fácil de entender a derrapagem sofrida por muitas congregações
evangélicas.
Troca-se a mensagem da cruz, do inferno, do pecado, do
arrependimento e da santificação por algo mais “light”, com menos “calorias”,
mais “simplex”. Apregoa-se um evangelho fácil, uma graça barata, um discurso
motivador que evite ofender as pessoas que, actualmente, são altamente viciadas
em auto-estima, a nova droga da sociedade. Pretendemos fazer da igreja um sítio
onde os crentes não sejam muito confrontados e desafiados, onde possam exercer
as suas actividades religiosas sem grande custo, onde ouçam o que querem ouvir,
que possam fazer o que querem fazer. Fazemos da igreja um sítio onde os
descrentes se sintam “em casa”, onde Deus é pregado como uma pessoa “fixe”,
permissiva, pacata, sempre pronto a perdoar e, tal como uma gigantesca Segurança
Social, sempre pronto a atender as necessidades das pessoas aqui e agora. Não se
fala de pecado, de castigo, de inferno. Aliás, a doutrina do inferno e da
depravação humana até já é questionada como verdadeira por muitos destes
modernos dirigentes. E os que não a questionam também já dela não falam
muito.As mensagens práticas e divertidas, o entretenimento e a diversão
são agora as técnicas modernas de evangelização. Teatros, concertos de rock
“cristão”, bares “cristãos” e outras práticas mundanas travestidas e etiquetadas
de “cristão” são o último grito dos crentes contemporâneos. “Não precisamos de
teologia, precisamos de amor”, proclamam eles, “precisamos de mostrar amor por
aqueles que não conhecem Deus”, é a sua razão. Nota-se uma gritante deficiência
no catecismo destes indivíduos que não leram que o amor divino, aquele que
queremos transmitir, é o resultado da observância da lei de Cristo e que o fim
desta lei é o amor de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé não
fingida. Por outro lado, devo afirmar que a Igreja é o último local onde o
pecador deve estar à vontade! Porque as trevas não podem ter comunhão com a luz.
Mal está uma igreja quando aí os pecadores se sentem como “peixe dentro da
água”; quando o pecado não é confrontado e ajuizado; quando a igreja se torna
amigável para o mundo pecador. A Igreja não existe para atrair os incrédulos,
mas para que os crentes se juntem a cultuar Deus. Os incrédulos aí são atraídos
por Deus para serem confrontados com a sua natureza pecaminosa e, ou se
arrependem, ou não querem lá mais voltar.
Produz resultados? Este é o
barómetro pelo qual se avalia uma ou outra técnica de evangelização sem,
contudo, se definir primeiro o que se entende por resultado segundo os padrões
divinos. Isto acontece porque o mundanismo crescente na Igreja evangélica gerou
a sua filha “incredulidade doutrinária” que namora com um rapaz chamado
relativismo. Resultados hoje são primordialmente quantitativos, não
qualitativos; são visíveis, enchem o Ego, tangíveis e comparáveis. A metodologia
do crescimento da Igreja é hoje visto como “fenomenológica” e não “teológica”,
ela é fruto de um esforço humano e racional (Arminianismo) e não mais como uma
questão de luta espiritual com as armas que nos são fornecidas por Deus. Como
muitas pregações cujo comprimento compensa a falta de profundidade, assim são
estas igrejas modernas, mundanas e enganadas. Ao invés de olhar para o que
produz resultados o pastor ou ancião da Igreja deveria olhar mais para o que a
Bíblia ordena. Muitas heresia seriam evitadas se a proclamação da verdade, vulgo
PREGAÇÃO, tivesse um papel central e preponderante nos cultos, pois pela
pregação do Evangelho os crentes são santificados e os descrentes são salvos.
Pela pregação a Igreja cresce em graça e em estatura.
É, meu avô sempre dizia: “O barro que vocês foram feitos não foi o mesmo que o meu, de jeito nenhum”.
Culto nos lares, culto de membros (para lavar as roupas que talvez estejam sujas),pastor atrás de ovelhas desgarradas,visitas aos Hospitais, as cadeias, cultos nas praças,excursões para as cidades interioranas (roça),dia simbólico de natal todo passado na igreja comemorando o dia do nascimento do Salvador, peças teatrais com histórias Bíblicas, o pastor visitava todos os membros e os novos convertidos e os conheciam pelos nomes,quando um irmão ficava desempregado ou enfermo a ajuda era instâtanea regada com amor e satisfação,as crianças respeitavam os diáconos,os dízimos era o primeiro a ser separado, as mensagens nos orientavam a renunciar o mundo.Dia de chuva,sol forte, dia de jogo futebol,final de capitulo de novela, nada disso impedia-nos de estar na casa de Deus.
Minha Mãe e cinco crianças pequenas,mais minha Vó, quase três km a pé, mas o Domingo era sagrado na casa do Senhor.
Senhores… isto foi ontem, dá até vontade de chorar de ver a enorme diferença de ontem… e hoje. Não consigo reproduzir este testemunho no meu lar, com meus filhos,moro perto da igreja, tenho carro, há…to cansado, o jogo na TV vai começar, ta chovendo, o sol ta bom para a praia, final de novela, tem visita na minha casa, o pastor não sente minha falta “não sabe nem o meu nome”, cada qual que resolva seu problema, to nem ai.Se der tempo leio um versículo da caixinha de promessa, peço o meu caçula para orar “a oração dele é mais rápida”, afinal Deus é amor, Ele entende esta correria maluca.
Meu Deus aviva-nos, a sua volta se aproxima, salva os seus servos para os seus servos ter a ombridade de salvar quem esta nas trevas.Amém…
Leôni Marcos